Fábula | Num reino tão, tão distante chamado Burrália, a festa era grande. Os asnos, animais fiéis ao rei Porco, se reuniam nas praças. Os tambores rufavam e as bandeiras vermelhas tremulavam.
Era dia de final do Campeonato Real de Futebol, o evento mais aguardado do ano. E, como sempre, o Time dos Porcos Sujos estava lá.
A classificação veio após um jogo acirrado contra as Onças Pintadas. O placar? 13 a 12. Nada incomum em Burrália, exceto pelo detalhe de que os Porcos Sujos cobraram 13 pênaltis. As Onças tiveram 10 jogadores expulsos, inclusive o técnico. Tentaram protestar, alegaram irregularidades, questionaram a postura do juiz. Mas o Tribunal da Suprema Verdade — órgão máximo e inquestionável — respondeu com uma multa milionária e ameaças de prisão. Reclamar, em Burrália, era crime de desacato à narrativa oficial.
Na véspera da grande final contra os Gorilas, o velho Rei Porco, sujíssimo e sorridente, ofereceu um jantar no castelo. Os convidados? Os juízes e bandeirinhas que ele mesmo havia indicado para o jogo. Conversas animadas, brindes generosos e promessas veladas preencheram a noite. Tudo normal.
No dia seguinte ao banquete, os juízes e bandeirinhas já davam seus palpites sobre a final nos jornais amigos do Rei Porco. Comentavam com entusiasmo sobre o “favoritismo técnico” dos Porcos Sujos e a “postura agressiva” dos Gorilas. Imparcialidade total — à moda da casa. A imprensa, sempre diligente, repetia os elogios e ignorava qualquer dúvida. Em Burrália, manchete boa é a que agrada o palácio.
Caráter e moral são artigos fora de moda em Burrália. O jogo não é mais sobre bola, é sobre controle. O campo virou palco, os jogadores figurantes, e a torcida, massa de manobra. A verdade? Expulsa por comportamento inadequado.
A fábula de Burrália não termina com o apito final. Ela ecoa onde o poder se alimenta da impunidade, e onde o jogo é vencido antes mesmo de começar.
Afinal, onde as narrativas ideológicas se tornam o idioma oficial, a verdade não encontra espaço — é sempre expulsa de campo antes mesmo de tocar na bola.
Palavras-chave:
Fábula, Burrália, Porcos Sujos, juízes manipulados, imprensa aliada, Tribunal da Suprema Verdade, crítica institucional, futebol e poder, impunidade, sátira social.
Descrição:
Fábula | Burrália: onde o jogo é vencido antes de começar
Em Burrália, o poder decide o vencedor, pune quem ousa discordar e a imprensa amiga aplaude sem questionar.
Por:
Alex M. para OpenLinks
Arte:
Alex M.
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Fábula | A Suprema Verdade do Rei Porco
No reino de Burrália , a verdade é crime, a ignorância é lei, e os asnos sustentam o luxo dos porcos corruptos. Uma fábula sobre poder e mentira.
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A classificação veio após um jogo acirrado contra as Onças Pintadas. O placar? 13 a 12. Nada incomum em Burrália, exceto pelo detalhe de que os Porcos Sujos cobraram 13 pênaltis. As Onças tiveram 10 jogadores expulsos, inclusive o técnico. Tentaram protestar, alegaram irregularidades, questionaram a postura do juiz. Mas o Tribunal da Suprema Verdade — órgão máximo e inquestionável — respondeu com uma multa milionária e ameaças de prisão. Reclamar, em Burrália, era crime de desacato à narrativa oficial.
Na véspera da grande final contra os Gorilas, o velho Rei Porco, sujíssimo e sorridente, ofereceu um jantar no castelo. Os convidados? Os juízes e bandeirinhas que ele mesmo havia indicado para o jogo. Conversas animadas, brindes generosos e promessas veladas preencheram a noite. Tudo normal.
No dia seguinte ao banquete, os juízes e bandeirinhas já davam seus palpites sobre a final nos jornais amigos do Rei Porco. Comentavam com entusiasmo sobre o “favoritismo técnico” dos Porcos Sujos e a “postura agressiva” dos Gorilas. Imparcialidade total — à moda da casa. A imprensa, sempre diligente, repetia os elogios e ignorava qualquer dúvida. Em Burrália, manchete boa é a que agrada o palácio.
Caráter e moral são artigos fora de moda em Burrália. O jogo não é mais sobre bola, é sobre controle. O campo virou palco, os jogadores figurantes, e a torcida, massa de manobra. A verdade? Expulsa por comportamento inadequado.
A fábula de Burrália não termina com o apito final. Ela ecoa onde o poder se alimenta da impunidade, e onde o jogo é vencido antes mesmo de começar.
Moral da História
Quando o poder escolhe o vencedor, pune quem discorda e a imprensa amiga do rei se limita a aplausos e elogios diante do caos, a massa de manobra é conduzida, de olhos vendados rumo ao abismo da destruição sem perceber o verdadeiro perigo. O jogo deixa de ser disputa — vira encenação. E quem não percebe, já está jogando sem saber.Afinal, onde as narrativas ideológicas se tornam o idioma oficial, a verdade não encontra espaço — é sempre expulsa de campo antes mesmo de tocar na bola.
Palavras-chave:
Fábula, Burrália, Porcos Sujos, juízes manipulados, imprensa aliada, Tribunal da Suprema Verdade, crítica institucional, futebol e poder, impunidade, sátira social.
Descrição:
Fábula | Burrália: onde o jogo é vencido antes de começar
Em Burrália, o poder decide o vencedor, pune quem ousa discordar e a imprensa amiga aplaude sem questionar.
Por:
Alex M. para OpenLinks
Arte:
Alex M.
Fábula | A Suprema Verdade do Rei Porco
No reino de Burrália , a verdade é crime, a ignorância é lei, e os asnos sustentam o luxo dos porcos corruptos. Uma fábula sobre poder e mentira.

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